mesa livre para a vida

não se descreve o viver. para quê tentar?

08 janeiro 2007

a espera. I

Gianluca Nespoli

da minha espera sei. não a descrevo faz muito tempo já. da tua não.

que esperas tu tão longe do meu braço que o posso bem estender

sem te tocar?


as esperas são diferentes. têm nomes. respondem pelos nomes

como os cães que nos esperam e nos amam sabe-se lá porquê.


a tua espera é tua. tua apenas. tu sabes o que esperas. donde virá talvez.

a minha já passou essa fase há muito tempo. dorme.

comigo às vezes

nem vento nem lamento a fazem despertar do turpor manso

a que se dedicou sentada aos meus pés como animal estimado

ou não. tanto lhe faz.

enleada a mim como trepadeira verde em casa velha

qual anjo descabido em paisagem de ateu. ali repousa. jaz.


a minha espera tem um odor de musgo e sabor a chá quente

acostuma-se a gente. é sempre assim.

a minha espera não existe. é coisa minha. pertence só a mim.

é uma manta. um manto. vestido de noivado guardado

antes de usar.


a minha espera é vida ainda. - lá. no final. acaba-se o esperar.

da tua espera. só tu podes falar.



que esperas tu tão longe do meu braço que o posso bem estender

sem te tocar?

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